02/08/2009

Cabra Marcado Pra Escrever

O Cavaleiro das Trevas


Aproveitando a total liberdade que me foi dada para escolher o assunto
sobre o qual escrever, quero falar sobre o Batman porque ele sempre foi
um dos meus heróis favoritos. Pena que ele não tinha uma das minhas
revistas em quadrinhos preferidas. Geralmente a ideia do personagem não
era muito bem aproveitada.
Já ouviu falar da mini-série em quadrinhos "Batman - o Cavaleiro das
Trevas"?? Caso a resposta seja não, é bom saber que, caso seja fã do
Batman ou de qualquer revista em quadrinhos, obrigatoriamente tem que
conhecer, e corre o perigo de se apaixonar pelo homem-morcego.
"Batman - o Cavaleiro das Trevas" é considerado um marco nas histórias
em quadrinhos, que renovou o interesse pelo Batman.

Inaugurando uma onda de filmes e desenhos animados do Batman, que
começou com o "Batman" de Tim Burton, com Jack
Nicholson como Coringa - quem era adolescente na época (final da década
de 80) quase que fatalmente aderiu à febre de produtos com a marca do
homem-morcego que ficou conhecida como Batmania, e comprou talvez um
botom, uma camisa, ou no mínimo um chiclete do Batman.

Provavelmente sem "Batman - o Cavaleiro das Trevas", nem a Batmania
teria acontecido, nem o interesse pelo homem-morcego seria algo sempre
atual. Talvez demorassem a perceber o enorme potencial mercadológico do
Cavaleiro das Trevas
"Batman - o Cavaleiro das Trevas" foi escrito e desenhado por Frank
Miller, que hoje se meteu a dirigir filmes. Vem aí seu próximo filme,
com o clássico herói "Spirit", na mesma linha visual de "Sin City", que
se originou da revista feita por ele, assim com "300", outra criação de
Miller para os quadrinhos, que começou a chamar a atenção quando nos
longíquos anos do início da década de 80, conseguiu convencer os
editores da MARVEL a dar uma chance ao herói Demolidor (que virou um
filme ruinzinho com Ben Affleck no papel principal). A revista do herói
conhecido como o homem sem medo vendia mal e iria ser cancelada quando
Frank Miller assumiu o destino do Demolidor. Com seu grande interesse
pela cultura japonesa Frank Miller encheu as histórias do Demolidor de
ninjas sem se afastar do submundo das ruas norte americanas.
Com o cacife alto por ter não só salvo a revista do Demolidor, mas a
transformado em um grande sucesso de vendas, Miller chegou a fazer uma
mini-série com Wolverine, na época já o mais popular X-men (e um dos
personagens que mais despertava interesse), em que ele vai ao Japão e
enfreta um exército de ninjas. Uma boa história mas sem grandes
repercussões, pois o grande momento, após o início promissor com o
Demolidor, foi mesmo na DC Comics (de Superman, Batman, Lanterna Verde e
Mulher-Maravilha), rival da Marvel (de Wolverine, Homem-Aranha, Hulk e
Demolidor), onde Miller criou sua obra prima até então (se é que já foi
superada): "Batman - o Cavaleiro das> Trevas".
Imagine um Bruce Wayne cinquentão que não veste o uniforme do Batman
desde a morte de Robin há uma década, em uma Gotham City com indíces de
criminalidade altíssimos, depois que a cidade é tomada por toda uma nova
horda de jovens desordeiros depois que os velhos vilões - como Coringa e
Duas-Faces interenados para tratamento psiquiátrico, e Mulher-Gato ter
se tornado uma cafetina de luxo - pararam as atividades.
Nessa mini-série em 4 capítulos cada um deles é incrível: no primeiro
'Batman' se apossa de Bruce Wayne, que não consegue resistir às notícias
cada vez mais alarmantes de violência, e ressurge fazendo justiça com o
peso de seus 50 anos, chegando ao ponto de enfrentar no mano a mano o
jovem e musculoso líder de um bando de deliquentes que se denominam
gangue mutante - e levando uma surra - sendo salvo por uma Robin fã
dele. Eu escrevi UMA Robin. Claro que Batman dá o troco no líder da
gangue mutante no fim do primeiro capítulo - com a filosofia de que seu
tempo de usar os músculos passou e devendo aproveitar a experiência que
tem. No volume 2 o Duas Caras ressurge depois de anos de tratamento
psiquiátrico e cirurgias plásticas
considerado curado, mas sua 'loucura' retorna quando sabe do retorno de
Batman que começa a ser caçado pela polícia de Gothan pois o Comissário
Gordon se aposentou e foi substituído por uma mulher jovem (o que Gordon
acha absurdo: "uma mulher!"). Duas Caras ataca a Mulher-Gato, hoje uma
cafetina de luxo, e depois investe contra o prédio de uma emissora de tv
com uma bomba. Capítulo 3: Coringa ataca e seu duelo com o Batman tem
seu capítulo final, com uma perseguição em um parque de diversões.
Capítulo 4: O presidente dos Estados Unidos manda o Superman fazer com
que Batman pare sua nova onda de justiça - "Batman - o Cavaleiro das
Trevas" mostra um Batman bem mais agressivo do que estamos acostumados -
que obedece, pois Superman nos é apresentado como um herói obediente ao
governo dos EUA e suas leis, a maior arma de guerra norte-americana. Uma
conclusão emocionante no duelo entre Superman e Batman, com a aparição
do Arqueiro Verde apresentado como um velho com jeito de hippie e apenas
um braço, que considera Superman um traidor, partindo em auxilío ao
Batman.
Essa mini-série é incrível principalmente pelo visual inovador, com
telas de tv apresentando a versão da imprensa sobre os fatos a todo o
momento - mostrando o quanto a imprensa muitas vezes está longe de
explicar os fatos, porque não consegue interpretá-los corretamente - e
um Batman mais violento, que inspirou releituras mais sérias e darks do
Batman.
O conceito dark está nos 2 primeiros Batman de Tim Burton, mas os 2
seguintes ("Batman Eternamente" e "Batman & Robin") foram um fracasso
com seu visual semi-gay e história ridícula.
Se hoje Batman tem temporadas de desenhos de sucesso com um estilo
mais sério - inclusive um longa de animação de um Batman futurista cujo
dvd é vendido em duas versões, sendo uma delas sem as cenas mais
violentas (mais adequado para crianças) - e a dupla de irmãos
Christopher Nolan(diretor) e Jonathan Nolan(roteirista indicado ao
oscar) responsáveis por dar uma nova chance ao homem-morcego no cinema,
com "Batman Begins" e "Batman - O Cavaleiro das Trevas", muito se deve a
Frank Miller, que logo depois do sucesso de "Batman - o Cavaleiro das
Trevas"(a mini-série em quadrinhos) foi convocado a assumir a revista
mensal do Batman, recontando sua história no que ficou conhecido como
'Batman, ano um' .
Quanto a "Batman Begins", repare que só um personagem com o atual
prestígio de Batman mereceria a convocação de um elenco com Morgan
Freeman, Gary Oldman, Michael Caine, Hutger Hauer, Liam Neeson, o
promissor Christian Bale no papel principal, a sra. Tom Cruise como seu
par romântico, e a dupla de irmãos Nolan na batuta, sendo um deles um
indicado ao oscar (pelo roteiro de "Amnésia") .
Obrigado, Frank Miller!


Candrel de Moraes

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