15/03/2009

Cabra Marcado Pra Escrever

Cada cabeça, um mundo: Keanu Reeves, Stephen Hawkins, Dom José e o convite de Lennon


Thomas Anderson desconfiava que nem tudo o que seus olhos viam era
real. Mas talvez estivesse trabalhando demais, e ficando paranóico.
Depois de conhecer uns caras estranhos, que estranhamente concordavam
com ele, Thomas Anderson vai dormir e acorda em um mundo estranhíssimo.
O mundo em que vivia desapareceu, e tudo o que tinha vivido tinha sido
apenas um longo sonho. Até seu nome tinha mudado. Agora se chamava Neo.
Esse é parte do enredo de MATRIX, um dos maiores sucessos do gênero
ficção científica no cinema, em que Keanu Reeves interpretava Neo.
Já imaginou acordar e essa vidinha mais-ou-menos ter sido apenas um
longo sonho?
Fico pensando que Deus poderia ter tido bem menos trabalho: em vez de
criar esse universo aparentemente sem fim, bastaria criar tudo no nosso
cérebro. O resultado seria o mesmo, já que a percepção não mudaria.

Stephen Hawkins, considerado um dos maiores cientistas vivos ou mortos,
e popularmente conhecido como "aquele cientista que vive numa cadeira de
rodas sem quase movimento algum", chegou à seguinte conclusão depois
de anos pesquisando e calculando a matemática do Universo: DEVE HAVER
DEUS (there must be God). Esse "deve" do Stephen Hawkins não é um
"deve" de "provavelmente" ou "quase certo de que", mas um "deve" de "é
isso e não tem como não ser".
A revista Super-Interessante desse mês de março (2009) traz uma
matéria mostrando que os ateus do primeiro mundo estão se unindo para
veicular propagandas defendendo seu ponto de vista de que não há Deus.
A complexa mente humana, que DEVE ter sido criada por Deus já que Deus
DEVE existir, nos permite conceber diversas possibilidades de realidade, inclusive a possibilidade da inexistência de Deus.
Numa outra ponta a mente de alguns indíviduos concebem um mundo em
que são o próprio Deus, ou Jesus Cristo. Quando conseguem convencer
muita gente sobre isso acontecem tragédias como o suicídio coletivo
da comunidade criada pelo pastor Jim Jones nos anos 70, ou David Koresh
nos 90. Quando pessoas assim não têm uma boa de lábia, são
recolhidas a instituições que cuidam de desvios psiquiátricos.
Em um nível mais socialmente aceitável , em que o sujeito não acha
que é Deus ou o messias, mas
sua mente apenas concebe um mundo em que Deus fala por meio de si, com
uma boa retórica pode-se criar uma religão ou subir aos mais altos
cargos em instituições religosas respeitáveis.
Aqui em Pernambuco, Dom José, arcebispo de Olinda e Recife, vive em
um mundo onde é ele quem abre e fecha as portas do céu, ou pelo menos
diz quando e para quem.
Esse mês Recife foi notícia no mundo inteiro por causa de um
procedimento de aborto realizado em uma menina de 9 anos que havia
engravidado do padastro. Pela lei brasileira, o aborto é permitido em
casos de estupro ou risco à vida da mãe. O caso da menina de nove
anos, grávida de gêmeas, se encaixava nos dois critérios. Mas Deus,
falando por intermédio de Dom José, expulsou do paraíso e
excomungou os médicos que realizaram o aborto.
A mente dos ateus concebem um Universo sem Deus, e na de Dom José,
Deus fala com seus lábios.
Imagine quantos mundos existem nessa imensidão de mentes que andam
por aí.
A mente do eterno Beatle John Lennon concebeu a canção "Imagine", em
que nos convidava a imaginarmos junto com ele como seria se o Céu e
religiões não existissem. Dom José faz a ideia de aceitar o convite
de Lennon mais interessante.


Candrel de Moraes

Um comentário:

Thathy Vilella disse...

Olá, Candrel!!!! Muito bom o texto. Concordo com cada vírgula do que vc diz. Quem sabe se realmente ñ seria mais fácil viver nesse mundo tão confuso, se ñ existissem tantas religiões, e tantas pessoas pensando que podem "falar com os lábios" de Deus? Brilhante!!! Parabéns!!!