Escolhendo Gente
Sou homem. Entre as duas opções possíveis -homem ou mulher - sou a opção usada como referência. O mundo parece ter sido criado para mim. Ou por mim. Talvez as duas coisas. Com a ajuda da segunda opção, a mulher. Até em minha língua a segunda opção só existe se não estou, pois, se estamos coletivamente, só se lê eu - homem. Há situações que não existe homem e mulher, mas homem e não-homem. Isso me favorece. Ponto para mim.
Sou hétero. Sei lá quantas outras possibilidades existem, mas aqui também sou a referência. Tenho o comportamento sexual que se espera. Acredita-se que minha prática sexual perpetua a espécie humana e até mesmo impede o caos, mantém a ordem. Sou portanto o padrão. Quem quiser que discuta o conceito de "padrão". Sou favorecido. Ponto para mim.
Tenho 1,80 de altura. Li em algum lugar que a média mundial para o ser humano do sexo masculino é 1,75 (como chegaram a esse número é um mistério). Eu não daria um bom jogador de basquete, mas com a lógica em que quanto mais alto melhor, sou mais alto que a maioria. Isso me favorece, ponto para mim.
Não sou branco -que não é a maioria mas é outro padrão incutido em nosso (sub)consciente (coletivo?) - nem sou oriental - que não é padrão mas é a maioria. Como dá para ver, não se pode ganhar em todas. Ou posso ser um produto alternativo para consumidores mais descolados. Aqueles que compram algo que a maioria não compraria por saberem de algoque você não saiba. Talvez.
Mas leia o resto do rótulo: 34 anos, divorciado, pai de Gabriel, curso superior completo, brasileiro - habitante do terceito mundo, portanto - nascido, criado e residente de Recife, torcedor de todos os times de futebol de Pernambuco, fora de forma (com a desculpa -verdadeira - de falta de tempo), mas não consumidor de drogas sejam lícitas ou ilícitas, classe social? B?C? Talvez D...
Que critérios você usa para tirar alguém da prateleira e fazer dele teu amigo, ou empregado, ou amante, ou pai de seu próximo filho, companheiro de baladas, ou mesmo só para você ir com a cara e não querer longe de você?
Que critérios eu mesmo uso para escolher você? Ou alguém em vez de você? O que consideramos mais atraente no rótulo um do outro? E que característica serve para uma função na tua vida, mas não serviria para a outra?
A mídia, o marketing, a publicidade... Influenciam a vida? Não seriam nossa maneira de escolher tudo - até mesmo pessoas - colocadas de uma maneira mais... sistemática?
Não é esse tipo de análise que você faz? Não é mesmo?
Não MES-MO?
Candrel de Moraes
2 comentários:
Olá, Candrel!!! Pode até ser esse - como acredito que seja - o tipo de análise que a maioria das pessoas faz. Mas... como eu orgulhosa e decididamente NÃO FAÇO PARTE DESSA MAIORIA... Posso dizer que utilizo critérios menos "comerciais" pra escolher pessoas. E por isso mesmo acho que fiz as melhores escolhas durante a minha vida. Escolhas que me fizeram MUITO FELIZ e que me dão a certeza de ser MUITO AMADA. Mas concordo com vc: nesse mundo que a gente vive, se seguem padrões; padrões que nem sempre são os mais certos mas que, por serem os ditos "aceitos" são considerados os mais acertados. PARABÉNS pelo texto!!!! Tá MUITO BOM MESMO!!!!
Meus critérios para tirar alguém da prateleira para ser meu amante, pai do meu filho, ou coisa parecida, são: inteligência; bom humor; sinceridade; que não seja igual às pessoas que querem agradar o tempo; que seja natural nas suas atitudes, que me olhe de um jeito “diferente” (não dar para explicar como é esse jeito diferente... rsrsrsrs). Acho que é isso!!
Ah!! Com relação à aparência não precisa ser nenhum Bred Pitt, Will Smith, Richard Gere ou coisa parecida, basta ter as “coisas” que mencionei anteriormente. Até por que, não tenho um padrão físico definido, então pode ser gordinho, baixinho, alto, magro, negro, branco, etc. Porém é preciso ter aquela “coisa” que falam muuuitoooooo... A tal da química! Junto com todos os critérios já mencionados a “química” é fundamental.
Já para ser meu amigo, companheiro de baladas, ou mesmo só para ir com a cara basta que tenha bom humor, fale o que pensa, sem frescura, goste de dançar (pq eu amoooooooooooooo dançar).
O bom seria se não colocássemos tantos critérios, porém é muito difícil, pois somos influenciados o tempo todo e resistir a certas influências é uma tarefa árdua e depende do perfil de cada um. Essa influência que estou falando não é apenas com relação à mídia, o marketing, a publicidade e sim também com relação aos valores pessoais adquiridos ao longo da vida pelas relações familiares e sociais.
Acho que é só isso mesmo!!!
Carlos André Leal de Moraes é shooooowwwww! Adoro os textos desse rapaz!!!
Carlos, parabéns pelo texto. Como sempre muuuuitoooooo.
Bjs
Rosa
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